GARGARRIA E AS EMOÇÕES

Escutar nossas emoções é um exercício árduo e necessita ser cultivado diariamente

EMOÇÕES

Escutar nossas emoções é um exercício árduo e necessita ser cultivado diariamente

Muito se fala da educação instrutiva, conceitos, teorias e direcionamentos para que as crianças sejam bem sucedidas profissionalmente. Ser alguém é ter uma carreira de sucesso e uma boa conta bancária, não que isso seja negativo, mas a vida emocional muitas vezes é colocada como antagonista, uma vez que deveria ser a protagonista neste processo de individuação e reconhecimento.

Trabalhar as emoções e cultivá-las vem ganhando estudos e direcionamentos, afinal, somos seres emocionais. A imaginação e a fantasia estão, para Vigotski, a serviço da emoção; mesmo que sua expressão apareça muitas vezes como pensamento lógico, a finalidade e a direção são dadas pela emoção. Em função das necessidades, interesses e motivações das pessoas, as emoções fornecem dados fundamentais para imaginar e engendrar ações para satisfazer os seus objetivos. No ser humano, ao longo da sua evolução, e na criança, ao longo da sua trajetória de desenvolvimento, todas as ações e pensamentos (como sinônimo de cognição), são coloridas pela emoção. Nosso mundo emocional necessita de atenção permanente, visando o equilíbrio interior e a harmonia dos sentidos. Os estudos da psiconeuroimunologia demonstram que o estado de saúde é conquista individual do ser que decide pela renovação íntima e pela crença em si mesmo. Não há o que nos deixe alegres se estamos fechados para esta emoção.

Nos três últimos anos, estivemos mundialmente fechados de alguma maneira, em decorrência da pandemia de COVID-19, e as crianças foram muito afetadas. Ofertar uma leitura que direcione o olhar para o cuidado com as emoções se faz necessário e profilático. Tentando amenizar as angústias e abrir caminho para que a alegria seja encontrada no interior de cada leitor.

A alegria também é resultado de uma educação "no positivo", que ajuda as crianças a serem cada vez mais otimistas e a terem audácia. Esta alegria e paz cultivadas não vêm de fora, mas brotam de dentro. Fica evidente que a emoção está no "Ser" e transcende através da literatura. Esconder o que sentimos pode nos deixar sufocados e sem vida. A arte é um respiro, uma libertação que tem um papel importantíssimo na construção do que somos e do que nos faz feliz. Escutar nossas emoções é um exercício árduo e necessita ser cultivado diariamente.

Este livro visa ampliar a perspectiva do autoconhecimento e tem a intencionalidade de mostrar que a comunicação entre os seres humanos é extremamente emocional. A palavra muitas vezes tem signos e significados diferentes; já a emoção, como a alegria, é expressada através do riso, não tem uma tradução. Esta história demonstra que tanto a educação instrutiva quanto a emocional/corporal são importantes no desenvolvimento e sociabilidade das crianças. Uma simples brincadeira tem um potencial enorme de aprendizado e autonomia.

Gargarria é um nome ficcional que abre caminhos para interpretações do leitor. Onde estaria localizada esta cidade de nome peculiar? Qual convite a prefeita consciência faz aos seus moradores? Conhecendo os contos de fadas, teremos uma leitura diferente do livro? Porque o relógio avisa o momento de rir?

São tantas perguntas e descobrimentos que envolvem o emocional e o racional. O riso dissipa as tristezas e ameniza as dores. Quão feliz seria a sociedade que consegue rir e confraternizar, espalhando amor e alegria? De uma maneira simples e divertida, o livro trata de um assunto complexo, leva o leitor a refletir sobre seus sentimentos e a importância de expressá-los. Através de uma "brincadeira de criança" podemos extravasar nosso melhor. A ALEGRIA cura a ALERGIA de medos, insegurança, somatização e pessimismo. Fazer parte de uma hora de gargalhadas lava a alma e faz parecer que nosso mundo pode ser um conto de fadas com final feliz.

E você querido leitor, como está se sentindo?